Num trem,
em grande disparada, paie filho corriam. E amboso que viam?As montanhas, os montes,
os horizontes,
o matagal cerrado
os penedos
os rochedos,
os arvoredos…
Tudo a correr com a rapidez do vento
tresloucado.
E o trem, que era em verdade o que corria,
parecia
estar parado.
A criança, o petiz, cheio de espanto,
lhe perguntou: “Papai,
por que é que tudo ao longe está correndo
tanto,
e o trem daqui não sai?!”
Os passageiros riam, pois
sabiam
que o petiz se enganava.
O trem, que parecia estar |
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imóvel,
era de fato o que corria
e voava.
Dos passageiros todos, um,somente nem de leve sorriu. Eentão os passageiros riram deleporque ele não riu.
E o poeta (era um poeta…) disse,
então:
“É natural, senhores,
a ilusão
do petiz iludido.
Muitas vezes a nós a mesma coisa
já tem acontecido.
E vós, ó meus senhores,
– os cientistas, os sábios, os
doutores – caís no mesmo engano
lisonjeiro, pois, afinal, todos nós nos
enganamos, quando, todos os dias,
exclamamos:
— Como é que o tempo passa tão
ligeiro!… E nós é que passamos”.
Catulo da Paixão Cearense,
Fábulas e alegorias. Apud Ferreira, 1966: 15-6
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